
Biodiesel Week da UBRABIO debate Produção, Regulamentação e Comercialização do Biodiesel
A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) promoveram entre os dias 10 e 14 de agosto, a primeira Biodiesel Week.
Por Helton Chaves
O evento celebra o Dia Internacional do Biodiesel, comemorado em 10 de agosto, data na qual Rudolf Diesel inventou o combustível em 1893, no auge da Revolução Industrial. Só no Brasilsão aproximadamente 500 mil empregos diretos e indiretos. Além de envolver cerca de 100 mil agricultores familiares, que recebem apoio técnico e de crédito de órgãos do governo.
Devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, o evento ocorreu de forma virtual, com transmissão no canal oficial da Ubrabio no Youtube, com mais de 5.700 visualizações, e contou com a participação de congressistas, empresários(as), agentes públicos, jornalistas e pesquisadores (as) que debateram variados temas sobre o processo de produção, regulação e comercialização do biodiesel no Brasil e no mundo frente ao cenário atual.
Na abertura do evento, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados no Brasil,destacou a importância do biodiesel para o desenvolvimento sustentável do país. O deputado defendeu a reforma tributária como força motriz para organizar melhor as cadeias produtivas e tornar o Brasil mais competitivo em escala global. “Precisamos ver de que forma vamos ampliar e avançar na aplicação do RenovaBioe no fortalecimento dos combustíveis renováveis, o que será a sinalização fundamental do nosso país aos brasileiros e ao mundo, mostrando nossa preocupação com o meio ambiente e com a utilização de combustíveis que poluam menos”, acrescentou.
A Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, objetiva traçar um conjunto de estratégias para reconhecer o papel de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, além de cumprir os compromissos assumidos com o Acordo de Paris.
Representantes da indústria de biodiesel de diferentes partes do mundo compartilharam as experiências do uso desse produto em seus países e debateramsobre o mercado global de biodiesel, que desde 2007 registra um crescimento médio anual de quase 10%. Atualmente a indústria brasileira produz quase seis bilhões de litros de biodiesel por ano.
X Sutijastoto, diretor de Energias Renováveis do Ministério de Energia e Recursos Naturais da Indonésia, afirmou que o país tem o compromisso de reduzir em 29% as emissões de gases tóxicos até 2030.
O evento abordou também o funcionamento dos leilões de biodiesel no país.O Ministério de Minas e Energia (MME) pretende extinguir o atual sistema brasileiro de leilões de biodiesel já em 2022. A Petrobras sinalizou sua saída desse modelo, medida que faz parte da atual estratégia de desinvestimento adotada pela companhia.
Eficiência energética e ambiental
Alexandre Alonso, chefe da Embrapa Bioenergia, afirmou que o RenovaBioé um programa que estimula a produção dos biocombustíveis com maior eficiência energética e eficiência ambiental, medidas pela quantidade de energia geradas pelas emissões respectivamente.
Ele aponta que a agricultura tropical moderna exige o desenvolvimento de tecnologias e sistemas de informação que permitam de forma integrada, num blockchain, rastrear toda produção agrícola. A blockchain “registrará a origem e a qualidade, com detalhes, de produção dos produtos em diferentes elos da cadeia de suprimentos até o consumidor final. Com dados inseridos e inalteráveis em toda extensão dessa cadeia”, afirma.
Biocombustíveis avançados para aviação
Quanto à aviação, o setor foi um dos que sofreu maior impacto durante a pandemia do Covid-19, momento no qual ocorre um debate fundamental sobre a regulamentação dos biocombustíveis de aviação no Brasil. O país é signatário do Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (CORSIA) e do Acordo de Paris que objetivam reduzir as emissões de carbono e diminuir o efeito estufa no mundo.
A Coordenadora da Rede de Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação (RBQAV)e professora da UFRN, Amanda Gondim, ressaltou a importância da criação de politicas públicas e da formulação de um marco regulatório para o BioQAV e o diesel verde, para que eles entrem na matriz energética brasileira.Gondim ainda destacou a utilização do HVO e do BioQAV em outros países e a possibilidade da utilização desses biocombustíveis nas próximas olimpíadas no Japão. “Nos Estados Unidos, que tem um programa semelhante ao RenovaBio, a contribuição do diesel verde já vem sendo bem grande. Na Europa, o diesel verde e o BioQAV vêm crescendo 25%. Na Europa já está se falando em algum tipo de obrigatoriedade do uso do BioQAV em percentuais maiores”, pontuou a pesquisadora.
“Falando em consumo de combustíveis, estamos falando diretamente de emissões de gases de efeito estufa, da emissão de CO2, e é esse o grande desafio da indústria”, afirmou Pedro Scorza, diretor de Combustíveis Renováveis para Aviação da Ubrabio.Para mudar a matriz energética estão sendo feitos esforços para a promoção de políticas públicas regulatórias voltadas para alavancar a produção e o consumo dos biocombustíveis.
No encerramento do evento, Juan Diego Ferrés, presidente da Ubrabio, afirmou que o setor defende a estruturação de uma política pública nacional que estimule a agregação de valor e o fortalecimento da indústria brasileira, como possibilidade de recuperação econômica após esse período.
Todos os vídeos do Biodisel Weekpodem ser acessados no canal do Youtube da Ubrabio: https://www.youtube.com/user/ubrabiobrasil
Helton Chaves é estudante de Mestrado em Ciência Política na Universidade Federal de Goiás e assessor de Aproximação Institucional na Secretaria de Desenvolvimento e Inovação do Estado de Goiás.