
Politizar Goiânia: A luta pela inclusão como um ato político
Estudante surda e intérpretes de Libras fortalecem seus espaços de representatividade no Politizar Goiânia.
Texto: Sabryna Moreno
Tudo é ato político. Na 1ª edição do Politizar Goiânia, projeto de extensão da UFG que pretende incluir os estudantes de escolas públicas e privadas no ambiente parlamentar, um dos maiores princípios é a inclusão. São 35 pessoas do ensino médio prestes a simularem a função de vereadores, elaborando e apresentando projetos de lei. Na Câmara Municipal de Goiânia, cada um se expressa a partir de seus propósitos. Com a estudante Cibele Furtuoso, não seria diferente.
Representando o Colégio Estadual Robinho Martins de Azevedo e a comunidade surda, Cibele é uma jovem de 16 anos cheia de coragem e determinação, em busca de mudanças que possam abraçar questões que impactam a sociedade. Para ela, projetos como o Politizar Goiânia colaboram para que os estudantes se interessem mais por política. “As pessoas precisam se conscientizar sobre o papel político que têm. Sugerirem, divulgarem e refletirem sobre o que elas pensam”, defende.
Seu interesse em participar da simulação como uma “vereadora” se deu a partir do momento em que ela refletiu sobre a necessidade de ocupar espaços que possam defender as pessoas. Logo no primeiro dia de treinamento, a aluna contou que conheceu informações novas e pôde entender, de forma mais clara, temas políticos como a organização dos municípios e do Estado.
A programação contou com palestras como a do Prof. Dr. João Botelho sobre Poder Legislativo municipal e o papel do(a) vereador(a). Durante o bate-papo com os alunos, o professor enfatizou a disparidade de gênero no âmbito político. Segundo suas informações, a bancada da Câmara dos Deputados, por exemplo, possui 77 mulheres deputadas do total de 513, o que representa apenas 15%.
Sobre essa realidade, a estudante Cibele faz questão de refletir. Para ela, é fundamental que homens e mulheres lutem pela causa do empoderamento feminino. “Estou aqui me empoderando nesse espaço, e não precisa ter medo, é um momento de coragem também. Os homens e mulheres são iguais e nós precisamos estar nesses espaços de luta” argumenta.
Mesmo tão nova, Cibele demonstra desejo de representar. Estar junto com ouvintes e surdos, para ela, é motivo de orgulho. A jovem pretende trabalhar e fazer faculdade para se especializar em Segurança Pública. As ideias são inúmeras, então seu objetivo atual é poder prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e assim, decidir “quais caminhos vai trilhar”.
Outro ponto que ela enfatiza é o papel e importância dos intérpretes da Língua Brasileira de Sinais. Além disso, a estudante conta que se sentiu muito bem recebida pelos outros 34 estudantes que, agora, serão seus colegas de trabalho durante o evento. “Foi muito legal observar cada um. Eu, como surda, estou aqui usando minha língua. Se você não sabe minha língua, eu posso ajudar. As pessoas ficam com vontade de aprender e veem o trabalho do intérprete de libras. É bom poder papear usando língua de sinais e mostrar sinais básicos para os ouvintes”, opina Cibele, com um sorriso sincero no rosto.
Quelle: Politizar Goiânia
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